Nove em cada 10 mulheres brasileiras desejam remover gordura de alguma parte do corpo. E o método mais eficiente para isso é a Lipoaspiração A lipoaspiração é realizada em todo o mundo há mais de 30 anos, estando hoje no 2º lugar dentre todas as cirurgias plástica realizadas no mundo. Seu princípio básico é a introdução de cânulas de diferentes calibres pela pele, através das quais a gordura vai sendo lentamente aspirada nos locais onde se encontra em excesso. As cânulas são introduzidas por incisões cuidadosamente planejadas e as cicatrizes são mínimas. O paciente deve realizar drenagem linfática no pós operatório e usar cinta de compressão elástica por cerca de 2 meses.
A lipoaspiração, além de ser o método mais eficaz para a tão sonhada “redução de medidas” e “perda de gordura”, retira tecido adiposo das áreas mais incomodativas e diante de seu papel modelador, pode mudar o perfil corporal, criar curvas, acentuar a cintura e realçar os quadris e os glúteos.
Entretanto existe um equívoco bastante comum. Muitos pacientes procuram a lipo com a intenção de emagrecerem. É meu dever como médica esclarecer à população que não é este o propósito dessa valiosa técnica cirúrgica, mas sim, retirar excessos LOCALIZADOS de gordura, tentando tornar o contorno corporal mais próximo dos padrões atuais de beleza e do desejo do paciente, sem os exageros que lhe ameaçam a vida, como a mídia tem ressaltado.
Mas afinal, qual o verdadeiro perigo da lipo? Ela realmente é a cirurgia plástica mais perigosa? A culpa é sempre do médico? Porque as notícias sobre morte em cirurgias plásticas quase sempre estão relacionadas à lipoaspiração?
Os dados não mentem. De fato a lipo é a cirurgia plástica com maior número de complicações inclusive fatais. Vamos entender os motivos:
1 – O apelo da cirurgia é enorme: redução de gordura – quem não quer? Até os magros. Esse fato faz com que mesmo pacientes com excesso de peso ou problemas de saúde (que não tenham indicação para a lipo) sejam submetidos a ela. Além disso, por um erro de indicação do médico, que opta por realizar o procedimento mesmo fora da indicação ideal, ou por persistência do próprio paciente, que não compreende os limites da segurança da lipo, muitos casos engrossam os tristes dados relativos ao procedimento.
2 – A lipo é uma cirurgia essencialmente espoliativa. Seu propósito, primeiramente, é retirada de gordura. Isso é algo delicado, porque junto com a gordura, perde-se sangue e líquidos importantes para a manutenção da homeostase durante e após o ato cirúrgico. É diferente, por exemplo, de outras cirurgias que por mais que tenham perda sanguínea (toda cirurgia tem), o objetivo não é retirar, retirar e retirar por longos períodos. Em outros procedimentos ocorre o corte, a hemostasia e o desenrolar da técnica, que pode ser a confecção de retalhos de pele ou outros tecidos, a confecção de novo formato, a introdução de próteses e/ou a prática de técnicas apuradas de incisões e remodelagens dos tecidos corporais. Frequentemente o profissional ultrapassa sem perceber o limite considerado seguro de retirada de gordura. A partir deste momento, o paciente encontra-se em um risco mais iminente.
3- Ocorre uma excessiva concorrência de mercado com outras especialidades que se aventuram pela lipoaspiração devido à sua aparente “facilidade” técnica. Pessoas que não têm a formação necessária para realizar o procedimento caem facilmente nas dificuldades e ciladas da cirurgia. Isso é igual a: maus resultados e o risco de morte para o paciente. Outro grande problema relacionado a esse fato é a diminuição de preços e a diminuição da qualidade da equipe médica, dos materiais utilizados e do local onde é realizada a cirurgia. É um barato que pode sair muito caro.
4 – A gordura é um tecido que se fragmenta com facilidade. Esses fragmentos, por sua vez, tornam-se êmbolos que podem cair na corrente sanguínea. A embolização de qualquer natureza é algo muito grave.
No próximo mês, voltaremos com mais uma coluna sobre essa cirurgia, que atrai pessoas de todos os biótipos. Não perca!