As manchas de pele, melanoses e melasmas decorrentes da pigmentação cutânea, são um problema comum, principalmente nas mulheres. Tais alterações de cor são tão incômodas quanto relevantes do ponto de vista estético. As manchas alteram a homogeneidade da coloração cutânea normal e levam consigo uma boa parte da beleza embutida na tonalidade da pele.
O melasma é o mais grave e o mais comum de todos os tipos de “manchas” de pele. Não só porque ocorre geralmente em idade reprodutiva, época em que os níveis hormonais são mais altos, mas também pela dificuldade de tratamento do mesmo.
Devido a complexas alterações da pigmentação cutânea, envolvendo desde a produção até a deposição do pigmento na pele, a fisiopatologia do melasma ainda é um desafio e nem as mais recentes tecnologias conseguiram dar um fim a ele!
Após a instalação do melasma, é muito comum o uso prolongado de cosméticos “clareadores” e o uso de peelings seriados em consultório médico, sem entretanto, uma melhora efetiva… A este ponto, uma boa quantidade de gastos, expectativas e frustrações já se acumularam na história de quem o possui.
É importante então, entendermos um pouco mais sobre essas temidas “manchas”, tão comuns e tão ingratas…
A melanina é um pigmento produzido pelos melanócitos ou melanoblastos, células existentes na camada basal da epiderme. Através de prolongamentos próprios, seu pigmento, ou melanina, é continuamente transmitido aos queratinócitos, células mais superficiais da epiderme. Sua função principal é a pigmentação cutânea, que nada mais é, em última análise, que uma proteção do DNA celular contra a radiação ultravioleta solar ou artificial proveniente da luz emitida pelas lâmpadas fluorescentes, TVs e computadores. É também a melanina que confere pigmentação à pele, aos olhos e aos cabelos de todos os mamíferos. E sua falta dá origem ao conhecido albinismo.
Sabe-se que os raios ultravioleta, promovem um aumento da atividade da tirosinase, enzima que transforma tirosina em melanina. Alguns hormônios também são responsáveis pelo aumento da produção de melanina, embora sua ação exata neste processo ainda não esteja clara para a ciência.
O mais importante no controle do melasma, sob o meu ponto de vista, é saber preveni-lo ao máximo e entender que pequenas agressões diárias à pele podem estar contribuindo para o seu aumento. A melhor maneira de prevenção é o uso de filtro solar tópico, físico ou em cápsulas, bem como de antioxidantes como a luteína, capazes de diminuir o dano às membranas celulares. O uso do filtro solar não deve se limitar à exposição solar direta, como em praias ou piscinas em geral, mas deve fazer parte da rotina de quem trabalha ou estuda em escritórios ou salas fechadas. A quantidade e a repetição do uso durante o dia é algo que deve ser considerado, assim como o tipo ideal para o seu tipo de pele.
Como medidas de prevenção diárias e rotineiras, a orientação é não “agredir” a pele, em hipótese alguma. O uso de ácidos rejuvenescedores em pele sensível, ou de outros ativos clareadores que quase sempre promovem irritação cutânea mesmo em peles mais resistentes, é um importante fator lesivo. Muitas pessoas acabam por piorar suas manchas pelo uso indiscriminado desses produtos, ou sem a devida orientação médica. Fatores como calor ou frio excessivo, que deixam a pele vermelha continuamente, podem ser responsáveis por um melasma que vai chegando sorrateiro, como uma espécie de proteção daquela pele aos extremos de temperatura. Alguns alimentos que aumentam a reatividade cutânea nos portadores de diferentes graus de rosácea também podem contribuir. Mais grave ainda que o uso de produtos errados na pele é o tratamento indicado de forma errônea, com laseres ou peelings. A tecnologia, quando mal indicada ou mal realizada pode provocar lesões chamadas de “hiperpigmentação pós-inflamatória” que evolui e/ ou confunde-se com o melasma, em longo prazo.
Por fim, como tratamento, o uso de cosméticos adequados usados rotineiramente, pela manhã antes do filtro e à noite, antes de dormir, mantém os melanócitos menos responsivos ou menos ativos. Os mesmos devem ser usados alternados com produtos calmantes ou hidratantes, para se evitar ou diminuir a irritabilidade cutânea que causam.
Os peelings realizados em consultório, de diferentes tipos e concentrações também são importantes armas terapêuticas. Através do poder de penetração na epiderme e de inibidores da tirosinase, os ativos alcançam o local de formação de melanina, diminuindo de diferentes maneiras a produção pigmentar. É importante saber identificar qual a “química” mais adequada para o seu tipo de pele, para que ela não “queime” ou agrida mais do que clareie.
Os laseres são a última palavra em termos de tecnologia. São em geral baseados na destruição gradativa dos pigmentos, sem, entretanto, irritar a pele. É necessário destreza, conhecimento e responsabilidade ao utilizar tais aparelhos uma vez que caso a energia programada ou escolhida não for a adequada, o surgimento de lesões discrômicas de difícil manejo é muito arriscada.
Acho que alguns critérios e parâmetros de estética são primordiais para uma beleza elegante e “autêntica”. Dentre eles a textura e a coloração da pele são sem dúvida primordiais. No entanto é necessário, mais do que buscar desesperadamente o último “laser” que promete milagres, COMPREENDER o melasma e dessa forma, combatê-lo inteligentemente ou conviver com ele de forma leve…